quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

Fichamento: A organização escolar no Brasil Colônia

RIBEIRO, M. L.S. História da educação brasileira: a organização escolar - 17ª ed.- Campinas, SP: Autores Associados, 2001.

*1º capítulo*
A organização Escolar no contexto da consolidação do modelo agrário-exportador (1549-1808)

1. A fase jesuítica da escolarização colonial

A partir das dificuldades encontradas com o modelo das capitanias hereditárias, foi instaurado o Governo Geral. Dentre as novas "propostas" ditadas por Dom João III é a conversão dos indígenas a fé católica pela Catequese e pela instrução. Assim, chegam nas terras brasileiras Tomé de Souza, 4 padres e 2 irmãos jesuítas, com a chefia de Manoel da Nóbrega (Ribeiro, 2001). 
Percebe-se por estes poucos fatos, que a organização escolar no Brasil-colônia está, como não poderia deixar de ser, estreitamente vinculada à política colonizadora dos portugueses (p.18). 
Entretanto, é importante ressaltar que a educação não chegou a se escolarizar, devido a estrutura social primitiva dos índios. Outro ponto que deve ser destacado é a função que a colônia brasileira tinha para Portugal, o qual era a obtenção de lucros e a população da colônia deveria trabalhar para a obtenção de lucros. 
O rápido esgotamento das matas costeiras de pau-brasil, a impossibilidade da população indígena produzir algo que interessasse ao mercado europeu [...] fizeram com que o governo português abandonasse a orientação de colonizar através da ocupação. [...] Obrigatório se tornou empreender a colonização em termos de povoamento e cultivo da terra (p.20).
 Assim, a educação na  colônia foi ditada nesse período a partir dos interesses do mercado, atendendo as conversões das camadas dirigente, no caso a burguesia portuguesa. 

Uma pergunta feita pela autora é: "Caberia aos jesuítas apenas a educação da população indígena ? A quem caberia a educação do outros setores  da população? Outras ordens religiosas ou leigos deveriam disto  se incumbir?" (p.21). Segundo o primeiro plano educacional brasileiro, elaborado por Manoel da Nóbrega há a intensão de catequizar e instruir os indígenas, porém aparece a necessidade de incluir os filhos dos colonos, já que os jesuítas eram os únicos educadores presentes.
O plano de estudos propriamente dito foi elaborado de forma diversificada, com o objetivo de atender à diversidade de interesses e de capacidades. Começando pelo aprendizado do português, incluía o ensino da doutrina cristã, a escola de ler e escrever. Daí em diante, continua, em caráter opcional, o ensino de canto orfeônico e de música instrumental, e uma bifurcação tendo em um lado o aprendizado profissional e agrícola e, de outro aula de gramática e viagem de estudos à Europa (p.22). 
Nesse período também houve o interesse de engajar os mestres religiosos indígenas na fé cristã, por meio da formação sacerdotal católica, entretanto, os índios não se adequaram, o que influenciou na proposição de um curso profissional e agrícola (p.22).
O plano legal (catequizar e instruir os índios) e o plano real se distanciam. Os instruídos serão descendentes dos colonizadores. Os indígenas serão apenas catequizados (p.23).
A catequese não tinha apenas um interesse religioso envolvido, havia também um interesse econômico, pois o índio se tornava um humana mais "dócil", logo alguém que poderia ser melhor aproveitado como mão-de-obra. Vale ressaltar que a mulher tinha uma educação voltada para as boas maneiras e prendas domésticas.
A elite era preparada para o trabalho intelectual segundo um modelo religioso (católico), mesmo que muito de seus membros não chegassem a ser sacerdotes. Isto porque, diante do apoio real oferecido, a Companhia de Jesus se tornou a ordem dominante no campo educacional. Isto, por sua vez, fez com que os seus colégios fossem procurados por muitos que não tinham realmente vocação religiosa mas que reconheciam que esta era a única via de preparo intelectual (p.24).
Assim, a educação oferecida pelos Jesuítas era focada na elite colonial, marcada por grande rigidez, tanto na forma de pensar, como na forma de enxergar ao mundo. Isto tem influência dos movimentos de Reforma e Contra-reforma que ocorreram na Europa, o qual Portugal permaneceu do lado da Igreja Católica, lutando contra a heresia (p.25).
Planejaram, e foram bastante eficientes em sua execução, converter, por assim dizer, seus alunos ao catolicismo, afastando-os das influências consideradas nocivas. É por isso que dedicavam especial atenção ao preparo dos professores - que somente se tornam aptos após os trintas anos-selecionavam cuidadosamente os livros e exerciam rigoroso controle sobre as questões a serem suscitadas pelos professores, especialmente em filosofia e teologia. Um trecho de uma das regras do Ratio diz o seguinte "se alguns forem amigos de novidades ou espíritos demasiado livre devem ser afastados sem hesitação do serviço docente". 

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